Diversidade e inclusão nas equipes de tecnologia: gênero, raça e acessibilidade.

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Conheça o cenário do mercado da tecnologia em 2023.

Fonte: Unsplash.com (alt text: 8 pessoas com as mãos unidas umas em cima das outras no centro da foto em sinal de companheirismo e união)

O mundo mudou e o consumo também. Ao contrário do que acreditava Ford, no começo dos anos 1900, quando defendia que todos poderiam escolher qual a cor do carro que gostariam de ter desde que ela fosse preta, mas atualmente as pessoas são realmente donas das suas escolhas. O produto precisa atender a uma necessidade individual, gerar identificação e proporcionar uma experiência única.

Para além do produto em si, os olhares também estão atentos aos fatores associados a ele como, por exemplo: as condições de trabalho de quem fabricou, as políticas da empresa e os investimentos em causas sociais e ambientais.

“O engajamento do cliente rapidamente está se tornando uma via de mão dupla, onde os clientes participam como embaixadores da marca, influenciadores, colaboradores e inovadores.”

  • Global Marketing Trends 2021, Delloite Insights

Nesse artigo destacamos como as empresas de tecnologia estão se posicionando em relação à diversidade e inclusão nas equipes, além de dados de como isso impacta o negócio e o mercado de trabalho.

1- O que significa diversidade e inclusão nas empresas de tech?

Fonte: Unsplash.com (alt text: 15 pessoas entre homens e mulheres de diferentes etnias em volta de uma mesa de reunião)

Com frequência as empresas de tecnologia tem sua cultura associada a das startups, onde o ambiente de trabalho é mais descontraído, mais flexível e menos burocrático. Porém, quando se trata de diversidade e inclusão, ambas mostram levar o assunto bem a sério.

As empresas, principalmente as de tecnologia, estão cada vez mais focadas em criar culturas organizacionais inclusivas, onde todas as pessoas são valorizadas e respeitadas independentes do seu gênero, religião, etnia, raça, idade e orientação sexual. Isso envolve o fomento de uma cultura de respeito e colaboração, além de um ambiente de trabalho seguro e política de tolerância zero para discriminação e assédio.

Esses fatores também têm um impacto positivo para o negócio uma vez que as pessoas colaboradoras possuem opiniões e relatos diferentes entre si, trazendo mais diversidade para compreender as necessidades dos clientes, que são múltiplas.

2- Representação de gênero

Fonte: Unsplash.com (alt text: 3 mulheres olhando para a tela de um computador. Uma delas é loira de cabelos crespos, aparenta ser mais velha que as demais, usa um blazer preto e sorri. A outra está ao lado dela com uma expressão séria com o dedo encostado no rosto reflexiva, usa óculos, uma camisa de manga longa listrada e possui o cabelo preto bem curto. Já a mulher entre essas duas é negra, possui o cabelo ondulado loiro escuro, veste uma camisa longa rosa e também está sorrindo para a tela.)

Segundo o Censo da Educação Superior de 2016, 82,1% das pessoas matriculadas no curso de Enfermagem no Brasil são mulheres, enquanto em Ciências da Computação elas representam apenas 13,3%. Para complementar esse cenário, a pesquisa Quem Coda Br, feita pela Pretalab junto a ThoughtWorks, mostrou que o perfil dos profissionais de tecnologia do Brasil é homem, branco, heterossexual, jovem e de classe socioeconômica média e alta. Os homens representam 68% do mercado de tecnologia enquanto mulheres 31,5% e pessoas intersexo, 0,3%.

“A presença das mulheres ampliará a força de trabalho necessária para nosso desenvolvimento”

  • Nanci Stancki da Luz, coordenadora do Núcleo de Gênero e Tecnologia (GETEC) da UTFPR.

Desde a infância os interesses para meninas e meninos são separados: elas ganham presentes relacionados aos cuidados do lar ou da aparência como bonecas, panelinhas e maquiagens enquanto os meninos são levados para a aventura e imaginação com carros, video games e computadores. Sem dúvidas, esses incentivos direcionam os interesses e o crescimento individual impactando também nas decisões futuras.

Durante o doutorado, Barbara Castro pesquisou sobre a presença feminina na tecnologia. Em sua tese, ela afirma: “não é um traço da natureza a gente se interessar por tecnologia ou não se interessar por tecnologia. É o estímulo que a gente oferece, demonstrando através de exemplos o quanto que a área de tecnologia, de maneira geral, pode ser ocupada tanto por mulheres quanto por homens, que ambos temos essas habilidades.”

Imagina se desde criança, as meninas soubessem que a ciência e a tecnologia carrega grandes nomes femininos também? Como Ada Lovelace, Grace Hooper, Carol Shaw, Mary Keller, Edith Clarke e muitas outras.

3- Representação racial e étnica

Fonte: Unsplash.com (alt text: 10 pessoas de diferenças raças e etnias sentadas em volta de uma mesa de reunião sorrindo para a câmera.)

Segundo a pesquisa Potências Negras Tec, realizada pela Potências Negras e Shopper Experience, a maior taxa de desemprego está entre as pessoas negras chegando a 20%, enquanto entre as pessoas brancas a taxa é de 12%. Além disso, somente 29% das pessoas negras que trabalham com tecnologia têm cargo de gerência enquanto entre brancos, o índice é de 46%.

Para aqueles que ainda não ingressaram no mercado, a perspectiva também não é animadora porque 29% dos entrevistados não tem interesse em estudar na área, pois não enxergam oportunidades e 15% consideram o investimento elevado.

A fundadora do Pretalab, Silvana Bahia, compartilha que criou a iniciativa para conectar mulheres negras na tecnologia: “Nunca achei que isso fosse para mim, mas aprender a programar me fez sentir capaz. Outras meninas precisam ser apoiadas”.

Segundo o Censo do Ensino Superior de 2016 apenas 6,7% das alunas em cursos da área de computação se declaravam pretas. As raças indígena e amarela não possuíam dados representativos, enquanto a branca disparava entre 38 e 40%.

3- Representação em acessibilidade 

Fonte: civiam.com.br (alt text: uma menina sentada na frente do computador com mouse e teclados adaptados.)

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 24% da população brasileira possui algum tipo de deficiência, ou seja, pelo menos 45 milhões de brasileiros. Por outro lado, uma pesquisa conduzida pela BigDataCorp em parceria com o Movimento Web para Todos, avaliou 21 milhões de sites ativos e apenas 0,46% dos sites tiveram sucesso em todos os testes de acessibilidade.

Tim Berners-Lee, diretor da W3C e criador da web defende que “O poder da web está na sua universalidade. O acesso por todas as pessoas, independentemente de suas deficiências, é um aspecto essencial.” e a Norma Brasileira ABNT NBR 9050:2004 também reforça esse conceito: “Acessibilidade: Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos.”

“Acessibilidade e design inclusivo é conseguir atender a todas as pessoas, e não fazer algo específico para um público específico”

  • Stefan Von Der Heyde, doutor em Design pela UFRGS

A acessibilidade está na arquitetura de informação dos sites, no design de interação, na usabilidade, no conteúdo, no código, na performance e etc. Aqui temos alguns exemplos de como a tecnologia pode contribuir para a acessibilidade digital: habilitar legendas em vídeo e poder traduzir para o seu idioma, fornecer elementos para leitores de tela, ter um alto contraste entre cores de textos e fundos, alterar o tamanho de textos e imagens para serem mais legíveis, além de botões e links em tamanhos acessíveis até para as menores telas.

Nesse relatório ficou evidente que a inclusão nas empresas de tecnologia vai além da contratação, envolve também garantir que todos os funcionários tenham acesso a oportunidades de crescimento e desenvolvimento, independentemente de sua origem, gênero, raça ou etnia. Isso inclui programas de mentoria, treinamentos e políticas de promoção.

Muitas empresas estão se comprometendo a serem transparentes em relação aos seus esforços de diversidade, divulgando dados sobre suas equipes e estabelecendo metas de inclusão. Além disso, elas estão sendo responsabilizadas por seus progressos por parte de funcionários, acionistas e a comunidade em geral. Porém, podemos afirmar também que o cenário ainda é desanimador.

Algumas dessas empresas também incentivam a diversidade e a inclusão na tecnologia por meio de programas gratuitos de aprendizagem e desenvolvimento.

Referências

Silva, Vitória Régia. “Mulheres e pessoas negras são apenas 1/3 dos profissionais de tecnologia e inovação, aponta pesquisal”. Disponível em: https://www.generonumero.media/reportagens/mulheres-e-pessoas-negras-sao-apenas-13-dos-profissionais-de-tecnologia-e-inovacao-aponta-pesquisa/#index_2

Silva, Vitória Régia. “Mulheres reprogramam o gênero dos cursos superiores de tecnologia no Brasil”. Disponível em: https://www.generonumero.media/reportagens/mulheres-reprogramam-o-genero-dos-cursos-superiores-de-tecnologia-no-brasil/

“Por que o machismo cria barreiras para as mulheres na tecnologia”. Disponível em: https://www.programaria.org/especiais/mulheres-tecnologia/

Carvalo, Leticia. “Potências Negras Tec: maior evento online e gratuito para impulsionar pessoas negras em tecnologia”. Disponível em: https://www.profissas.com.br/potencias-negras-tec-2022/

Fernandes, João. Souza, Mônica. Oliveira, Daniel. “A inclusão digital do negro no Brasil”. Disponível em: https://ojs.eniac.com.br/index.php/Anais_Sem_Int_Etn_Racial/article/view/364/452

“Políticas públicas levam acessibilidade e autonomia para pessoas com deficiência”. Disponível em: <https://www.gov.br/pt-br/noticias/assistencia-social/2021/09/politicas-publicas-levam-acessibilidade-e-autonomia-para-pessoas-com-deficiencia#:~:text=De acordo com dados divulgados,24%25 da população do país.>

“Número de sites brasileiros aprovados em todos os testes de acessibilidade tem queda em relação ao ano passado e é ainda menor que 1%”. Disponível em: https://mwpt.com.br/numero-de-sites-brasileiros-aprovados-em-todos-os-testes-de-acessibilidade-tem-queda-em-relacao-ao-ano-passado-e-e-ainda-menor-que-1/

Sobre o autor

Rafaela Affonso

UX Writer pós-graduada em marketing e design digital. Apaixonada por conteúdo e inovação, compartilho minha jornada na tecnologia para inspirar outras mulheres.

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